Miriam Leitão comenta

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Tempo presente

A ata do Copom tem uma coleção de boas notícias. O investimento cresceu 15% no primeiro semestre; a produção industrial aumentou 6% até maio — a de máquinas, 16%, e a de carros e eletrônicos, quase 14%. No primeiro semestre, foram criados 1,3 milhão de empregos formais; só a agricultura, e apenas em junho, contratou 92 mil. O comércio vendeu 14% mais. A má notícia: os juros continuarão subindo.

A ata empilha também os números ruins de inflação: IPCA em 12 meses a 6,06%, acima do centro da meta; apesar da queda da taxa de câmbio, os bens chamados de comercializáveis — na falta de um nome melhor para produtos afetados diretamente pelo câmbio — subiram 7,78% em 12 meses; no mesmo período, o Índice de Preços do Atacado subiu 17,9%. O IPA agrícola foi de 37,91%; nos 12 meses anteriores, terminados em junho de 2007, havia sido de 8,07%.

Em todas as medidas, todos os núcleos, todas as formas de comparação, a inflação está subindo, afastando-se da meta, e mostrando pressões ainda por chegar ao varejo. Essa má notícia é que faz com que todas as outras sejam vistas meio de lado pelo órgão que tem a ingrata tarefa de manter o olhar fixo na meta de inflação. Na última reunião do Copom, os juros, que vinham subindo a 0,5% a cada 45 dias, foram elevados em 0,75%.

Os juros bancários já subiram para aqueles níveis que são impensáveis em outros países do mundo. Juros médios do crédito ao consumidor estão agora na ordem de 50% ao ano. Os para empresas chegam a 26%. Em que país do mundo, consumidor compra com o dinheiro a esse preço, e empresa gira seus negócios a esse custo? O Brasil é mesmo um país diferente.

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